Ana não consegue conservar um amor.
Sedutora tem aventuras,
mas não encontra um companheiro para a vida. Inteligente e calorosa, é
atraente.
Qual é o problema? Ela é demasiado alegre, está sempre alegre.
Atravessa os ventos e as marés da vida com um sorriso tão ostensivo ligado a
uma tal vontade, que põe os homens à distância. Houve um que lhe disse: “tu és
forte demais para mim” Nesse dia ela chorou… mas não à frente dele.
Sente-se
tão frágil.. não percebe. Claro que ela não é forte. Mas, exactamente, mostrar a sua
vulnerabilidade àquele que ama está acima das suas forças. Se ela estampa este
sorriso nos lábios, é para parecer contente, para não aborrecer os outros com
os seus problemas. Ela não compreende que é exactamente este sorriso que afasta
os homens.
Ana está desamparada, como muitos de entre nós quando
descobrimos que os códigos, as atitudes aprendidas na nossa família de origem “não
funcionam” com os outros. É na mais tenra infância que se aprende a “ser forte”,
ou melhor, a mostrar-se forte, quando a intimidade com os pais é impossível,
quando o seu amor é condicional.
Uma criança aprende a esconder os seus sofrimentos para não
atiçar a vingança dos pais autoritários, intolerantes ou violentos. Ela aprende
a sorrir para se fazer aceitar pelos pais indiferentes. mostra um rosto
sorridente para tentar levar alguma alegria a uns pais deprimidos. Quando vive
muito sofrimento em casa, vai tentar ser aceite entre os outros dissimulando o
que lhe acontece, sorri para se fazer amar.
Por detrás de um sorriso demasiado ostensivo, há sempre
vergonha, sofrimento, uma fragilidade perigosa de mostrar.
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