De quem te escondes?




De quem te escondes, quando as emoções te queimam, debaixo da pele? Quando o silêncio te pesa na língua e é uma bola inteira de fogo a queimar-te a carne da língua? De quem te escondes, quando não consegues dormir e quando as manhãs são pedaços de luz que te encandeiam, ferozmente, os olhos?

De quem te escondes quando os teus sentimentos são uma vaga de força que te impede de dar um só passo em frente? Ou quando as memórias te prendem e o futuro é tão excessivamente desconhecido que achas que vais perder o equilíbrio? Ou quando te olhas no espelho e sabes que existe muito mais, para além de olhos e de boca, para além de corpo, para além do sorriso que (ainda) tentas fazer?

De quem te escondes, quando as emoções te queimam, te agridem, se colam à tua pele e não te deixam respirar? Quando a vontade é tão grande e o medo te asfixia? Quando o sonho é apenas aquilo que poderias ter sido? De quem te escondes quando queima, quando dói, quando oprime, quando agoniza? De quem?

É de ti?

Texto: Laura Almeida Azevedo



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