Os "ex's - É possível - e desejável encerrar nossas experiências amorosas com gestos mútuos de carinho. Talvez de amor....

"Por definição, ex tem de ser uma criatura destroçada, maltrapilha, terminal. Ex que ri, que posta no Facebook, que exibe felicidade publicamente é uma aberração da natureza e dos costumes. Para cumprir seu papel constitucional, ex tem de ser uma entidade discreta, quase fantasmagórica, de quem se ouça - só de vez em quando - um gemido cheio de dor e de saudades. Por nós. Ex existe para nos fazer sentir melhor com a sua infelicidade. Nunca o contrário.
Estou brincando, claro.
Depois de várias separações, aprendi que nossa felicidade pode ser medida pelo sentimento em relação ao ex. Se estivermos torcendo para que ele ou ela esteja miserável, é sinal de que a nossa própria vida está um lixo. Simpatia, carinho e mesmo distanciamento benigno sugerem que estamos saudáveis. Nem é preciso desejar ardentemente que ela ou ele seja feliz. Basta não torcer pela infelicidade alheia.

Ouvi, outro dia, um trecho do programa de rádio do Flávio Gikovate em que ele falava sobre isso. Dizia que ex casais às vezes estabelecem uma relação de gangorra - se ela fica bem, eu fico mal. E vice versa. Achei a imagem eloquente e a situação horrível. Mas fui obrigado a admitir que, mais de uma vez, senti exactamente assim, torcendo para que a vida da ex andasse torta para acompanhar a minha, que virara um desastre. Posso atestar que nada de bom surgiu desse sentimento.
Hoje em dia cultivo a ideia da reciprocidade.A reciprocidade estava lá no começo dos relacionamentos e acredito que estará no fim. Dos amores verdadeiros, aos menos. O desejo e a alegria nos ligavam no início. Agora, é a dor da separação que nos aproxima. Continuamos conectados. No manual que um dia escreverei sobre o sofrimento amoroso, estará previsto, na forma de lei incontornável, que ninguém sairá de um grande amor indiferente enquanto o ex chafurda em desespero. É uma injustiça de proporções cósmicas".


Comentários